RESENHA nº 2 – LA VOYEUSE, de Fantah Touré
Publicado pelas
Éditions Didier, de Paris, em 2014, esta narrativa em primeira pessoa da
escritora franco-marfinense, Fantah Touré, conta a história da babá parisiense
Mélina, uma imigrante de origem caribenha, que se intitula “garota das ilhas”,
e que mora no subúrbio parisiense trabalhando para famílias de classe média e
média da Cidade Luz.
Após a súbita e
difícil separação de seu marido - também imigrante do mesmo país que o seu -
que a surpreendeu com a notícia de ter engravidado uma amante e que, por essa
razão, deveria se divorciar dela para se casar com a mãe de seu futuro filho, deixou
Mélina muito triste e complexada. Após conversar com uma garota da mesma cidade
de origem que a sua, ela decidiu se tornar babá e durante as horas vagas em que
as crianças das casas que ela trabalhava se deitavam, ela aproveitava para
navegar na internet e assim criou um perfil em um site de encontros amorosos
mentindo a idade, profissão e tudo mais, fato bastante corriqueiro aos usuários
da rede. Mélina adota o codinome de Iris e marca encontros com os homens que
ela conhece em um café da cidade, mas nunca os encontra pessoalmente, pois
assim que ela os vê, ela acaba por não se interessar por eles e fica somente a
observá-los, por isso o nome de voyeuse dado ao conto.
Ema uma dessas
conversas, Mélina (ou melhor, Iris) conhece François, um homem de sua idade e
que mora em uma área afastada da cidade com sua mãe, no campo. Ele se apaixona
por ela e fica furioso quando ela o deixa esperando no café e assim Mélina
decide abrir o jogo e contar a verdade a ele que se interessa ainda mais pelo
verdadeiro personagem e sente novamente vontade de conhece-la, surpreendam-se
com o desfecho. A história toda é um diálogo, uma troca de e-mails, bem
adequado à atual linguagem moderna, mas sem os jargões e abreviações que
geralmente o marcam.
É uma história
rápida e interessante de se ler, pois narra as dificuldades dos imigrantes que
buscam condições melhores de vida na cidade de Paris, mas se deparam com o
preconceito e a xenofobia de quem os contrata, evidenciando as barreiras
sociocultural, linguística e racial que os imigrantes enfrentam normalmente.
Muitos se identificarão com as patroas e patrões que Mélina trabalhou e verão o
descaso delas ao demiti-la por variados motivos sem ao menos se importar com os
laços emocionais criados entre ela e seus filhos que, por não ter tido nenhum
em casamento, se tornam um pouco seus filhos também e a separação deles,
principalmente da bebê Léna, vocês verão que é muito dolorosa. Enfim, aproveitem
e se emocionem também com esta história de muitas mulheres e moças que já
emigraram ou estão para imigrar para as grandes cidades do “primeiro mundo”.
Comentários
Postar um comentário