ENSAIO nº 5 - Relato de experiência em torno da tradução e da revisão de traduções de contos de Adjutor Rivard (1868-1945) no âmbito do projeto FORTRALIT – Língua francesa

 


Artigo publicado na obra: Formação de tradutores literários. São Carlos: Pedro & João Editores, 2023. Maria Alice G. Antunes; Wagner Monteiro [Orgs.]

 

Caio Alexandre Zini e Renato Venancio Henrique de Sousa

 

O projeto FORMAÇÃO DE TRADUTORES: PRÁTICA DE TRADUÇÃO LITERÁRIA foi criado pela professora Maria Alice Antunes em 2018 e tem como objetivos gerais “formar profissionais qualificados na área da Tradução Literária; propiciar o aperfeiçoamento profissional na linha de formação dos estudantes do ILE e desenvolver projeto na área da Formação de Tradutores de Literatura”, conforme se lê no texto de apresentação do projeto. A seleção do corpus a ser traduzido inclui textos “teóricos” na área de estudos de tradução, além de textos literários nas línguas envolvidas no projeto. A revisão de traduções de textos literários consagrados, bem como a comparação entre diversas traduções de uma mesma obra são atividades fundamentais no processo de formação do(a) aluno(a) aprendiz de tradução.

 Assumi a coordenação por indicação dos colegas, depois que a professora Maria Alice se aposentou, em março de 2021. No ano passado, a coordenação do projeto passou para o Professor Wagner Monteiro Pereira.

Os estagiários de francês até o momento são: Fabianna Tavares Pellegrino, que atuou como bolsista de EIC de 01/09/2018 a 31/08/2020 e, durante o ano de 2021, continuou trabalhando como voluntária. Em seguida, Caio Alexandre Zini foi selecionado para o estágio, iniciado em 01 de março de 2021.

Em 2021, escolhi trabalhar com textos escritos por autores do Canadá francês que se inscrevem no gênero que o crítico quebequense Maurice Lemire denominou de “vieilles choses”, ou “coisas antigas”, muito popular no início do século vinte. Trata se, nas palavras do pesquisador, de

un genre littéraire hybride, ni tout à fait conte, ni tout à fait poésie. Il s’agit d’un genre narratif bref, généralement à la première personne, centré sur un objet ou une coutume. Le narrateur se remémore le ‘le bon vieux temps’ de son enfance à la campagne. Par l’intermédiaire des grands-parents, qui se racontent, il remonte aux temps mythiques des origines. Il exploite le lyrisme de la fuite du temps, en déplorant l’avènement de nouvelles techniques et de l’esprit moderne. (LEMIRE, 1980, p. XXII-XXIII).

O texto “Le vieux hangar”, do crítico literário e escritor Camille Roy, que faz parte da coletânea intitulada Propos Canadiens, editada em 1913, servirá de modelo ao gênero (GRIGNON et al., 2008, p. 163).

Desde o início do estágio de Caio Alexandre Zini, tenho trabalhado com Adjutor Rivard, que além de advogado, foi professor de elocução. linguista e escritor, publicou duas coletâneas de contos, intituladas respectivamente Chez nous, em 1914, e Chez nos gens, em 1918, que foram reunidas, em 1919, com o título Chez nous, chez nos gens. Em edições ulteriores, o volume contendo 25 contos passou a ser publicado com o título Chez nous. É importante ressaltar que Rivard é um dos organizadores (juntamente com Louis-Philippe Geoffrion) do Glossaire du parler français au Canada, publicado em 1930 pela Société du parler français au Canada, da qual foi um dos fundadores, em 1902. Obra fundamental que participa do movimento de valorização do francês canadense depois de um período de estigmatização e depreciação por parte dos puristas, o Glossário vai “contribuer à fixer l’image  'traditionnelle' du parler populaire et rural du Québec" (MERCIER; PLOURDE, p. 2003, p. 208).

Maurice Lemire, em seu verbete dedicado aos contos rivardianos, escreveu o seguinte:

Ce recueil s’inscrit dans un courant régionaliste qui cherche à définir le Canada français uniquement par rapport à la terre, une terre que l’on sent menacée par la montée de la civilisation urbaine et le progrès technique. Rivard parle d’une époque révolue, qu’il importe de fixer dans la mémoire collective pour que le peuple n’oublie pas ses racines. Il en parle aussi comme d’un paradis perdu, comme d’un âge d’or que l’on ne retrouvera plus. (LEMIRE, 1980, p. 226)

Incensada pela crítica regionalista e distribuída como prêmio nas escolas, a coletânea de contos conheceu sucessivas edições, sendo considerada por muitos leitores, ao longo do tempo, como “l’exemple par excellence d’une certaine littérature canadienne”. (LEMIRE, 1980, p. 226)

Meu trabalho com o aluno Caio Alexandre Zini, que possui experiência como tradutor de inglês e espanhol, consistiu na proposição da coletânea de contos de Adjutor Rivard, como representante do gênero evocado acima, deixando ao bolsista a liberdade para escolher os textos que lhe aprouvesse dentre os 25 que compõem o volume Chez nous (RIVARD, 1941). Num primeiro encontro, virtual, uma vez que estávamos respeitando o confinamento em virtude da pandemia do coronavírus, apresentei um pequeno panorama da história e da literatura do Quebec para que Caio pudesse entender o contexto em que os contos de Rivard se inscrevem. Seguiram-se indicações de textos que considero indispensáveis para o conhecimento da cultura e da civilização quebequense.

Um dos maiores desafios para se traduzir os textos da coletânea se situa na utilização frequente de termos ligados ao universo da sociedade do Quebec de fins do século XIX e início do século XX, marcada pela chamada “ideologia da conservação” voltada para a evocação e a exaltação do passado (GRIGNON et al, 2008, p. 164). Neste contexto, observa-se a onipresença da Igreja Católica, que luta pela defesa de valores tradicionais e da língua francesa, bem como a valorização de elementos culturais que se enraízam na tradição oral e popular da “Belle Province”. As histórias versam, portanto, sobre a vida no campo com seus objetos, crenças, costumes e tradições, escritas numa linguagem arcaizante sem falar na presença de anglicismos, muitas vezes adaptados às regras fonéticas do francês.

Sendo responsável, juntamente com Louis-Philippe Geoffrion, pela organização do Glossaire du parler français au Canada (1930), Rivard com frequência se utiliza de vocábulos do francês popular em seus contos. Segundo Lemire, o autor de Chez nous vai qualificar a sua língua nos seguintes termos: “ ‘ C’est une langue rude et franche, héritée des ancêtres et dont les mots ne sont guère que du sens.’ ” (RIVARD apud LEMIRE, 1980, p. 226)

É importante salientar que o trabalho de revisão da tradução dos textos, principalmente no início, implicava a frequente retradução de passagens e a reescrita de períodos inteiros, em virtude do desconhecimento, por parte do bolsista, de expressões, palavras ou mesmo de referências culturais presentes nos contos. Trabalho “invisível” e não computável, que pode tomar um tempo considerável, a revisão da tradução, graças à função “Comentário” presente na aba “Revisão” do Word, deixa marcas no texto em processo de tradução: digressões, correções, sugestões e propostas de tradução, num diálogo sem fim entre textos, horizontes de leitura e subjetividades.   

Mais recentemente, uma importante obra de referência foi incorporada ao processo de revisão, como é o caso do dicionário Le parler populaire des Canadiens français (DIONNE, 1909), graças ao qual encontramos uma solução de tradução para um termo que tinha sido traduzido por aproximação num primeiro momento. Refiro-me ao vocábulo “arce”, que aparece em dois contos dentre os nove traduzidos por Caio Alexandre Zini. No conto La patrie, o personagem Tio Jean, que está presente em outros textos da coletânea, conta a seu interlocutor a saga dos colonos franceses e de seus descendentes, que por gerações laboraram a terra e conservaram intactas as tradições campesinas. Num dado momento, ele se refere ao deslocamento de uma grande rocha que exigiu a força física de valorosos jovens camponeses, o que permitiu com que se criasse uma « passagem » ao norte do riacho. Citando o texto: “pour que j’aie de l’arce à passer au nord du ruisseau” (RIVARD, 1941, p. 73, grifo do autor)  Como não encontramos este  vocábulo em nenhum dos dicionários consultados, decidimos verter o trecho da seguinte forma :  “de maneira que tenho uma passagem ao norte do riacho”. Por aproximação com “arche”, “arc” e “arceau”, elementos arquitetônicos que têm a conotação de “arco” “arcada” e "abóbada" e remetem à ideia de passagem, optamos finalmente por traduzir “arce” por “passagem”.

No conto La grand’chambre, a visita do pároco é a ocasião para as famílias abrirem a salão para recepcionar este personagem que ocupa uma posição elevada na hierarquia social do Quebec da época. Acompanhado do sacristão, o pároco “fait le compte de son troupeau” (RIVARD, 1941, p. 12). Investido do papel de conselheiro espiritual, o religioso tem uma escuta atenta para os problemas e mazelas de seus paroquianos. Ele abençoa a família, lembra daqueles que já se foram e reconforta suas ovelhas. Antes de sair, o dono da casa, reconhecido, oferece prendas ao visitante ilustre e, dirigindo-se ao sacristão, que conduz a charrete, ele diz: “_  Monsieur le marguillier, prenez cette citrouille, et cette tresse d’oignons, et si vous avez de l’arce à les mettre, ces deux lièvres” (RIVARD, 1941, p. 12, grifo do autor).

Mais uma vez, o vocábulo “arce” se faz presente no texto, mas desta vez num contexto de fácil interpretação. O leitor atento consegue inferir que os presentes que serão transportados na carroça vão demandar um certo “espaço” no veículo, sob pena de atravancar a passagem. Bastou a consulta de Le parler populaire des Canadiens français para descobrirmos que a palavra em questão pode ser grafada com “c” e com “s”.  De “Arce” (DIONNE, 1909, p. 32) remetendo a “Arse, n. f. _ “Espace, place.” (DIONNE, 1909, p. 37), foi solucionado um “problema de tradução”, motivo de alívio para quem, como eu, prefere a precisão à aproximação quando se trata da tarefa de traduzir. O trecho foi traduzido da seguinte maneira: “– Sr. Sacristão, pegue essa abóbora e essa réstia de cebola, e, se o senhor tiver espaço para colocá-las, essas duas lebres.”

Voltando ao conto La patrie, percebo que não haveria necessidade de se mudar a tradução, uma vez que a solução encontrada é bastante satisfatória e não traz prejuízo à compreensão. Entretanto, para ser mais fiel à língua de partida (sim, esta opção tem o seu lugar na tradução de textos literários), poderíamos propor a seguinte tradução para o trecho citado mais acima: « de maneira que tenho um espaço para passar ao norte do riacho” (grifo meu).

E, com essas reflexões finais sobre os processos complexos ligados à atividade tradutora, que envolvem deslocamentos e passagens, passo a palavra para o bolsista de Língua francesa, Caio Alexandre Zini, que dará prosseguimento a este relato de experiência.

 

O tema da tradução nos tempos atuais é um tanto quanto complicado, pois as pessoas, de uma forma geral, associam a tarefa da tradução a algum programa ou aplicativo dos vários existentes no mercado, principalmente ao Google Tradutor. Dessa forma, o trabalho do tradutor acaba sendo minimizado e mesmo desvalorizado. O mercado da tradução está repleto de profissionais amadores que não sabem elaborar uma tradução de qualidade, o que afeta, consequentemente, o resultado final entregue ao seu cliente, muitas vezes colaborando para aumentar este descrédito e a desvalorização do trabalho do tradutor profissional, aquele que faz da tradução o seu ganha pão, seu meio de vida, estudando e se aperfeiçoando continuamente, não desonrando uma profissão já posta em cheque por muitos.

Falar sobre a Tradução Literária é ainda mais restrito. Pode-se dizer que se trata de um clube cujo acesso é muito seleto, onde se entra, em geral, por indicação e raramente se obtém uma oportunidade sem ela. É por essa razão de acessibilidade ao mercado da tradução literária que participar do Projeto FORTRALIT tem sido uma experiência altamente interessante e de muito aprendizado, algo ímpar, pois, envolve não somente a tradução em si, mas requer um aprendizado literário, adicionalmente, somado ao mergulho na biografia do autor, na sua obra, e no contexto histórico-social, além do contato com a linguagem específica de uma determinada região, época e cultura.

Desde o início do estágio, a proposta do professor e coordenador Renato Venâncio foi trabalhar, como já foi dito acima, com contos extraídos de duas coletâneas do escritor quebequense Adjutor Rivard, reunidas posteriormente em um único volume. O trabalho realizado compreende, ao todo, nove contos divididos em três seletas de contos que narram histórias de famílias canadenses de origem francesa que habitam a região de Quebec, tendo como pano de fundo a história desta província e a de seu povo por meio da história dos cômodos de uma casa, das peculiaridades de seus moradores, da religião cristã, de paisagens naturais e outros personagens que, metaforicamente ou não, pertencem à construção da identidade cultural do Quebec. introduzindo-nos de uma maneira bem ilustrativa e descritiva aos hábitos, às crenças e ao modo de viver e pensar desses moradores, diferenciando-os daqueles da porção inglesa do país e das cidades grandes.

O narrador presente nos nove contos pode ser classificado como um narrador onisciente, pois, demonstra ter conhecimento sobre a vida de seus personagens, seus sentimentos, emoções, pensamentos e a própria sequência dos fatos, mas sem que apareça, participe ou se identifique no enredo, que pode ser até o próprio Rivard, porém, como toda interpretação é subjetiva, pode ser qualquer habitante da região ou uma soma de histórias que o escritor seleciona como as mais representativas e significativas, vividas por ele ou não. Como exemplos, podemos citar dois personagens recorrentes como o tio Jean e o pároco.

Após superar as dificuldades da primeira seleta de contos, a partir da segunda, o processo tradutório tornou-se mais fácil, mais natural e fluido. Como eu já havia adotado o método de pareamento de parágrafos em outros exercícios de tradução, sobretudo a partir do inglês, decidi mantê-lo até o fim, pois facilita muito a revisão, uma vez que podemos comparar trechos do original e da tradução, paralelamente, em pares horizontais. Segue um trecho do conto La maison como exemplo:

Soudain, et comme par miracle, on s’y trouvait délivré de tous les soucis, loin de tous les tracas, à l’abri de toutes les intrigues. Rien de mal ne se pouvait concevoir sous ce toit béni. On y passait des jours de paix heureuse et secrète. On y était meilleur… (RIVARD, 1941, p. 8, grifo meu)

De repente, e como que por milagre, nos encontrávamos libertos de todas as preocupações, longe de todas as aflições, a salvo de todas as intrigas. Nada de mal poderia ser concebido sob este abençoado teto. Ali passamos dias plenos de uma paz feliz e secreta. Ali éramos melhores ....

Para ajudar a traduzir termos regionais e específicos do francês canadense, uma variante linguística à que eu não havia sido apresentado e que não estava habituado a ler, foi necessário o uso de arquivos disponíveis em PDF, facilmente encontrados na internet, gratuitamente, como o Dictionnaire de la langue québécoise, de Léandre Bergeron (1980); Le glossaire du parler français au Canada (1930); e muito útil foi o Dictionnaire Larousse, versão digital, surpreendendo-me por apresentar tantas expressões canadenses, mesmo antigas, proporcionando assim uma ótima fonte comparativa com o francês europeu.

Para compor as notas de rodapé para a tradução ao português, em se tratando de termos específicos, regionais ou mesmo aqueles em desuso, utilizei-me dos seguintes dicionários: Dicionário Michaelis Online; Dicionário Houaiss, versão digital; Dicionário Aulete Digital, além de pesquisas feitas no buscador eletrônico Google. Como eu não tinha familiaridade com o vocabulário, encontrei muita dificuldade no início do processo tradutório e o ato de revisar e conversar sobre as expressões utilizadas foram primordiais para fazer as correções, adequações e “polimentos” na linguagem. Quem as fez, inicialmente, foi o Prof. Renato Venancio e, em seguida, o estagiário Breno Lucas de Assis Santos, responsável pela revisão dos textos. Todas essas observações foram utilizadas nas notas de rodapé, outra nova experiência que eu ainda não tinha desenvolvido. Inicialmente em grande volume na primeira seleta, tanto em francês quanto em português, as notas explicativas foram sendo gradativamente reduzidas na segunda e terceira seletas.

Geralmente, quando não encontro alternativas interessantes para determinada palavra ou expressão, diretamente da língua de origem para a língua de destino, neste caso, o português, e como muitas obras estrangeiras ainda não foram traduzidas para a nossa língua, busco uma versão nas línguas inglesa, francesa ou espanhola da obra a ser traduzida, dependendo da língua em questão, mas certos livros não foram amplamente difundidos fora de seu país de origem, a exemplo das obras de Adjutor Rivard. Então, recentemente, após traduzir estes nove contos, encontrei uma versão de Chez nous traduzida para a língua inglesa com o título Our Old Quebec Home (Nosso velho lar em Quebec ou Nossa velha casa em Quebec), primeiramente publicado em outubro de 1924 pela editora McClelland & Stewart Publishers, de Toronto (RIVARD, 1924). O tradutor é W. H. Blake (William Hume Blake), advogado, político e juiz de origem irlandesa. Blake, assim como Rivard, pertence ao meio jurídico e na nota do tradutor publicada como uma espécie de prefácio, ele demonstra admiração pelo trabalho do colega e nas primeiras linhas fala sobre as perplexidades de um tradutor que começam com a dúvida quanto à tradução do título da obra, Chez nous, cuja versão mais próxima na língua inglesa seria Our Place, “pois palavras e frases do antigo dialeto (ou dialetos), [...], multiplicam-se na página do juiz Rivard, e sugerir sua vivacidade e vigor é quase uma tarefa sem esperança” (BLAKE: RIVARD, 1924, p. 8), como ele mesmo descreve na nota. De outra obra de Rivard, Études sur les parlers de France au Canada, Blake transcreve esta parte relativa à variante franco-canadense:

O franco-canadense é uma língua regional, relativamente, mas, não inteiramente uniforme, e preserva traços de diversos elementos de patoá que pertenciam à língua popular em partes do norte da França. Ao que se deve acrescentar que, como toda língua transplantada, preservou uma forma arcaica comparada à falada no país natal e tomou emprestado de línguas estrangeiras com as quais teve contato (RIVARD apud BLAKE, 1924, p. 9).

A experiência que eu tive com esta primeira seleta de contos foi bem interessante. Trata-se da introdução ao mundo de Adjutor Rivard. Primeiramente, foi fundamental compreender o cenário, a linha narrativa e os campos léxicos e semânticos, assim como a constituição dos personagens apresentados e descritos pelo autor. Desse modo, foi possível criar uma memória de tradução, pois os próximos seis contos estão inseridos no mesmo contexto. A busca da tradução correta de termos polissêmicos ou com significados desconhecidos, fato que pode acontecer com certa frequência, deve levar em conta a contextualização, que deve ser a palavra de ordem para o tradutor literário. Vejamos mais detalhes nos três primeiros contos traduzidos na primeira seleta:

O primeiro, La maison/A casa, descreve a casa como o personagem principal que, metaforicamente, representa a província do Quebec e sua tradição acolhedora para os imigrantes, pois oferece segurança, confiança, um ambiente agradável e reconfortante. Segundo o crítico Maurice Lemire, “la maison familiale est le lieu privilégié par excellence. Comme telle, elle devrait avoir droit à une description détaillée, qui fournirait des indications précieuses sur les mœurs d'autrefois” (LEMIRE, 1980, p. 226). Aqui vemos uma ampla descrição da casa e de seus cômodos e de como se tornava o símbolo da família, sua fortaleza e seu porto seguro. Foi necessário pesquisar todo esse vocabulário sobre as partes de uma casa e como foi o primeiro conto traduzido, ouso dizer que foi o mais difícil de todos, pois foi um grande aquecimento, mas me preparou para os próximos.

O segundo, Le poêle/O aquecedor, mostra a trajetória deste objeto que produzia o alimento e trazia o aquecimento aos moradores da casa nos rígidos períodos de inverno, sendo um item de suma importância ao longo de diversas gerações. Aqui caímos em uma das grandes dificuldades dos tradutores: a escolha do título! Como já discute o renomado tradutor de origem ucraniana radicado no Brasil, Boris Schnaiderman, este é um problema de tirar o sono e que no meio da tradução parece ser mais crônico que em outros: “trata-se de uma mazela que ocorre no mundo todo, mas em nosso meio chega a ser gritante” (SCHNAIDERMAN, 2019, p. 34). Mas, por quê? A discussão da escolha do nome gira em torno de quão longe ele fica do nome original. Neste caso, descobrir o que era poêle foi uma tarefa árdua, pois é descrito no Glossaire du parler français au Canada como:

 

Aparelho que serve, única ou principalmente, para aquecer um cômodo ou quarto, onde é colocado. Fogão = aparelho que é colocado na cozinha e que serve, única ou principalmente, para cozinhar ou aquecer os pratos. (GEOFFRION; RIVARD, 1930, p. 527, grifo dos autores)

 

 No Brasil, como não temos um frio intenso como o canadense, não temos um aparelho com esta exata descrição. O que mais se aproximaria seria o fogão à lenha, então optou-se por traduzir por “aquecedor”, algo imprescindível para suportar o rigorosíssimo inverno canadense, aquecendo e alimentando as famílias. Destaca-se, neste conto, o uso da madeira de bordo, a tradicional árvore canadense cuja folha está representada na bandeira nacional. Senti dificuldades com termos designados para situações invernais particulares do hemisfério norte, como les marionnettes (aurora boreal) e la poudrerie (nevasca), a expressão construire des châteaux en Espagne (erguer castelos no ar), embora originário do francês europeu, assim como outras expressões que me proveram um ótimo aprendizado.

O terceiro e último conto, La patrie/A pátria, mostra tio Jean descrevendo o país e o seu sentimento patriota a seu sobrinho - que lhe perguntou o que era a pátria - por meio de uma linguagem familiar, diferente da utilizada pelos livros de história, mais íntima e apropriada para as crianças, para que desta maneira, ele compreendesse de uma forma fácil e informal. Um texto interessante de se trabalhar, pois utiliza a ideia da pátria referida no título como metáfora para narrar a história dos ancestrais que construíram as incontáveis paróquias espalhadas pela província de Quebec. Segundo o narrador: “cada um deles deixou sua marca aqui e o esforço de seus braços torna minha tarefa menos pesada hoje” (RIVARD, 1941, p. 74). Há ainda a referência à animosidade contra seus vizinhos estadunidenses: “É importante dizer que para o tio Jean, o inimigo, quem quer que fosse, era o americano” (RIVARD, 1941, p. 74, grifo do autor). O tio Jean faz questão de transmitir ao sobrinho conhecimentos diferentes dos que se encontram nos livros, depreciando o ensino formal em comparação ao ensino prático, adquirido oralmente: “– Em geral, é preciso desconfiar dos livros, ele diz; há palavras que não entendemos e que embaralham as ideias. Os livros não têm nada a fazer aqui” (RIVARD, 1941, p. 74-75). Ao final do conto, ao se juntar à esposa, tia Mélanie para orar antes do jantar, fica evidente a presença da fé cristã na vida familiar e uma das características mais recorrentes nos contos.

Na segunda seleta, pode-se dizer que eu já tive mais facilidade ao traduzir os textos, pois, devido à interligação dos contos da antologia, muitos termos se repetem, enquanto outros, bem desafiadores, vão surgindo ao longo da jornada tradutória, como no conto L’hivernante, por exemplo, que será explicado mais adiante.

O primeiro conto, La grand’chambre/O salão, descreve talvez o mais importante cômodo da casa familiar, que foi descrita no primeiro conto da primeira seleta, uma casa que pode-se tomar como o padrão da casa dos habitantes das paróquias do Quebec à época, onde são recebidos os visitantes importantes, como os exemplos citados no conto: aqueles que chegam a este mundo, os recém-nascidos, e aqueles que dele partem, os falecidos. Um local aberto em momentos solenes e de grande significado, especialmente ao receber visitas célebres, principalmente a do pároco, como acontece aqui: “Mas a grande visita, a mais bela de todas e para a qual as pessoas da casa vestem a melhor roupa de domingo, é a visita do pároco” (RIVARD, 1941, p. 10 e 11). O vocabulário utilizado é bastante descritivo, contendo palavras que designam desde partes que formam a casa, até materiais e ornamentos, como vemos neste trecho:

Sobre o assoalho pintado, os tapetes correm de um lado para outro em duas peças paralelas. No centro da sala, uma mesa de mogno velho, precioso móvel deixado na família, sustenta livros litúrgicos encadernados com couro, prêmios recebidos na escola primária, fotografias reproduzidas sobre zinco em seus estojos com dobradiça, um álbum, lembranças, entre outros... Ao redor da sala estão dispostas cadeiras, uma poltrona, um sofá, acolchoados com crinas de cor preta. (RIVARD, 1941, p. 9).

No Brasil, não vemos com frequência “fotografias reproduzidas sobre zinco”, conhecido por aqui como zincografia, mas mantive o mais próximo ao original até por ser mais explicativo e de fácil compreensão.

O segundo conto, La maison condamnée/A casa condenada, flerta com o fantástico e o estranho. Ao trazer o sobrenatural para explicar o medo e a fascinação inspirada da nos moradores da vizinhança pela história de uma casa abandonada, vemos a narrativa “fantástica-estranha” revelando a sombra da imagem da casa apresentada no primeiro texto da primeira seleção de contos, ou uma contraparte dela, cujo motivo do abandono leva a divagações sobre o tema da emigração, da desintegração do núcleo familiar e do sepultamento das tradições quando a casa é metaforicamente comparada a uma tumba. Por meio do olhar do narrador que explora as suas memórias de criança, descreve-se o pavor de quem passa em frente e se desvia do imóvel por medo de ver fantasmas:

Tudo isso estava abandonado, sem dono, sem um vigia; sem alguém que tomasse conta, mas passávamos, sem nunca parar, na frente da casa condenada: ela nos dava medo” (RIVARD, 1941, p. 67)

Faz-se um paralelo de quando ainda habitada com o estado de abandono atual, mas espera-se que o herdeiro que se foi ainda possa regressar e resgatar seus dias de glória e beleza, sinalizando a esperança, como vemos aqui:

Confia neles, também, boa Terra! Se o exílio, um dia, lhes for duro, e se a Providência quiser que eles voltem a ti, recebe-os, clemente e gentil. Para celebrar seu retorno, coloca flores mais frescas à beira de tuas estradas, cobre teus campos em uma luz mais quente, faz-te mais verdejante e mais bela (RIVARD, 1941, p. 71).

O termo “condenada” aqui pode ser visto como sinônimo de “amaldiçoada” pela maneira como foi abandonada:

Mas, um dia, a propriedade caiu em partilha a um filho que não reviveria a alma dos ancestrais. Este último, um buscador de uma tarefa menos árdua, recusou à terra o trabalho de suas mãos e o suor de sua testa. A terra se fechou! O pão faltou na casa! E ele, já sem raízes, amaldiçoou a terra, que, no entanto, só pedia para produzir, mostrando-se desolada pela esterilidade de seus terrenos não cultivados (RIVARD, 1941, p. 69).

Linguisticamente desafiadora, esta tradução buscou reproduzir a mescla de sentimentos presentes no original, no qual se misturam tradição local e pitadas de algo fantástico, algo que produz e sugere medo na vizinhança, criando-se assim uma lenda, um mito.

O terceiro e último conto, Scènes d’hiver/Cenas de inverno, está subdividido em 3 partes que descrevem a hostil, mas poética paisagem invernal quebequense. Considero este texto como um ótimo desafio de pesquisa e uma boa fonte de aprendizado sobre a neve com termos usados na região de Quebec, já que no Brasil, a nossa experiência com este fenômeno da natureza é quase nula, restrita apenas a algumas cidades do extremo sul do país. Retomando o que foi dito na apresentação desta terceira seleta, o título L’hivernante/A invernante é um termo que não consta na língua portuguesa, ao menos não encontrei nenhum equivalente nas minhas buscas, e não foram poucas, de modo que foi necessário adaptar o termo-título. Utilizei-me de uma tradução bem aproximada do original em francês, mantendo o radical do substantivo “inverno”, palavra da qual deriva o vocábulo “invernante” que, de acordo com o Dicionário Priberam, possui o seguinte significado: “diz-se de ou ser vivo, geralmente ave, que se desloca para passar o Inverno” (INVERNANTE, 2023), ou, de acordo com o Dicionário Aulete Digital, significa “que ou quem inverna” (INVERNANTE, 2023). Entende-se, de acordo com o texto, que se trata de uma neve que somente derrete ao final do inverno, uma acepção até então desconhecida por mim. O conto fala sobre os preparativos para enfrentar esse período árduo de frio intenso: “E essa neve que cai, seca e clara, nos campos endurecidos, que se deposita permanentemente, que permanecerá até a primavera e partirá por último, esta é a invernante, a alegre invernante” (RIVARD, 1941, p. 153).

O vocábulo que dá título à segunda parte, A nevasca/La poudrerie, é usado no Quebec para designar um tipo de nevasca cuja neve é fina e seca, diferentemente do significado usado na Europa, onde designa uma fábrica de explosivos ou de substâncias explosivas, um termo que, consequentemente, deriva da pólvora. Conforme descrito no seguinte trecho:

Trilhas do alvo pó correm ao longo das cercas e cercados, serpenteando através dos campos, repentinamente se agitam e da mesma forma esmaecem, em seguida retomam seu curso frívolo, novamente se deitam, se torcem, sinuosas, e seguem para se acumular ao abrigo dos arbustos. (...). A neve, em movimento, sobe, se espalha e em pó se transforma! (RIVARD, 1941, p. 154)

Com essa tradução, temos a oportunidade de aumentar o campo semântico da palavra “nevasca”, adicionando-lhe mais esta designação e gerando assim, uma economia linguística.

Clair d’étoiles/Luz de estrelas, descreve os olhares e sensações diante dos cenários noturnos durante o rigorosíssimo e também fascinante inverno canadense. Vejamos:

Os campos aplainados pela neve, o caminho cujas balizas marcavam apenas os desvios, as árvores, as casas, todas as coisas estavam banhadas por um reflexo muito suave. Era uma noite sem lua; no entanto, uma luz pálida e difusa, cuja fonte parecia estar em todos os lugares e os raios em lugar algum, se derramava pelo ar” (RIVARD, 1941, p. 155).

Agora chegamos à terceira e última seleta de contos, finalizando os nove traduzidos e escolhidos a dedo. Mais uma vez, a tradicional casa quebequense está presente, assim como a figura do pároco, representando a centralidade da religião católica no Quebec da primeira metade do século XX, outra característica marcante na antologia.

O primeiro conto, Le ruisseau/O córrego, descreve o divisor de duas terras conforme as memórias de infância do narrador. Este córrego está

no limite da floresta, de onde vinha sua fonte, essa água fronteiriça primeiro fazia alguns meandros sob o mato: depois, vindo ao encontro da linha divisória das duas propriedades, fluía direto ao sul” (RIVARD, 1941, p. 47).

 Deparei-me com um ótimo desafio linguístico ao pesquisar os tipos de embarcações que percorriam este “córrego” que, na verdade, se tratava de um rio: “Havia chalupas, goletas de dois e de três mastros. Nada é mais fácil do que distinguir esses vários tipos de embarcações” (RIVARD, 1941, p. 48). Uma expressão que me chamou a atenção é heure des vaches (RIVARD, 1941, p. 47). Ao pesquisar, encontrei a similar brasileira “hora da ordenha”, que equivale às 17h. Estas primeiras embarcações, movidas à energia eólica natural, a do vento soprado, como qualquer embarcação primitiva construída em madeira, têm seu charme e sua utilidade reforçados pelo narrador, até que chegou o primeiro barco a vapor construído em alumínio, desafiando-as, como podemos ver no trecho a seguir:

Um dia, chegou um jovem da cidade com um barco a vapor, em alumínio pintado; bastava virar uma chave, uma hélice começava a girar e o barco funcionava por conta própria! Perto desta maravilha, nossos navios pareciam uma porcaria. (RIVARD, 1941, p. 50).

E assim, seguem as comparações de desempenho destes diferentes tipos de embarcação para o ofício da pesca, discute-se a superioridade tecnológica que pouco dura e sucumbe perante as embarcações tradicionais, privilegiando o savoir-faire local e a habilidade manual em detrimento da industrialização. O narrador, que viveu os áureos dias deste córrego, relembra aos poucos as cenas de glória do passado, mas subitamente ele sente o doloroso impacto do presente ao visualizar a situação atual do volumoso leito de outrora:

Onde então está meu rio? Parece-me que vejo esta paisagem pela primeira vez. É a mesma, no entanto: eis aqui a estrada principal e a ponte de madeira; eis aqui a casa a oeste, e lá, o velho moinho. Mas não reconheço o meu rio. Ô decepção! Meu rio tão bonito de trinta anos atrás, meu rio largo e fundo, era um ralo riacho, talvez uma vala separando duas propriedades [...] (RIVARD, 1941, p. 52 e 53).

O segundo conto, Au feu!/Fogo!, revela a união dos moradores da paróquia para conter um incêndio que ocorre em uma tradicional casa quebequense, cuja estrutura lembra aquela do primeiro conto. Este incêndio irrompe após uma forte tempestade e movimenta todos os moradores da vizinhança, tendo o padre como uma espécie de “comandante” e “patrono espiritual” de todo o esforço deliberado, direcionando esforços e levantando os ânimos, como se estivesse no comando de um regimento. No final do conto, atribui-se a ele o poder metafísico que viabilizou o trabalho em equipe e a extinção do incêndio, como mostrado no trecho a seguir:

Rapidamente, acorremos e nos organizamos. Não há brigada de incêndio em nossos campos, nem hidrantes, nem mangueiras; mas disposição para ajudar, e uma cooperação que surpreende. [...]. Sob a cruz protetora, o pároco está em seu posto, encorajando seu povo, direcionando-o quando necessário”. (RIVARD, 1941, p. 100 e 102)

O terceiro e último conto, L’abonné/O assinante, vem fechar com uma boa dose de bom-humor esta fase do projeto e conta com a presença do tio Jean e sua habitual sagacidade provinciana somada à valorização das tradições locais, protegendo-as para que não se percam nas mãos e na alienação dos forasteiros. De acordo com o enredo, o tio Jean foi encarregado pelo pároco para levar um viajante em trânsito até o presbitério de um confrade vizinho, mas ele encontra uma forte barreira entre as culturas urbana e provinciana que dificulta a comunicação, gerando uma situação inusitada.

Linguisticamente falando, o conto não apresenta grandes dificuldades. O título do conto, O assinante, será compreendido ao longo da leitura do texto e do trajeto dos personagens, durante o qual se instala uma atmosfera de desconfiança entre ambos pela não compreensão de códigos sociais pertencentes a universos distantes. Conforme a viagem avança, o condutor da charrete precisa parar cada vez que cruza com uma ponte para pagar o pedágio. Embora não fosse loquaz como seu interlocutor, o viajante se permite fazer críticas pelo fato, por exemplo, da ponte não ser de ferro. Depois que o tio Jean paga a quantia cobrada pelo funcionário, o forasteiro faz uma observação segundo a qual tal não acontecia na região em que vive, de modo que não era necessário parar no pedágio, ao se cruzar uma ponte. E acrescenta: “– Nós assinamos, ele explicou; ou seja, pagamos uma vez para o ano todo. A partir daí, somos assinantes da ponte e passamos sem parar. É mais conveniente” (RIVARD, 1941, p. 124).

No final do conto, existe uma lição de moral, em tom de deboche, que é direcionada ao viajante para criticar a falta de respeito à tradição local de saudar os calvários ao longo da estrada, tirando o chapéu ao passar em frente. O tio Jean entende que isso aconteça por se tratar de um forasteiro, de uma “pessoa da cidade”, o que o leva a interpelar seu interlocutor nos seguintes termos: “– Bem, o senhor vai me dizer que não é da minha conta, mas estou achando que o senhor exagerou um bocado demais na assinatura dos Calvários!” (RIVARD, 1941, p. 127), como se aquele tivesse feito uma “assinatura” de saudações. Trata-se de uma crítica amenizada, misturada ao deboche típico de um personagem interiorano, o que acaba por explicar e justificar o título do conto.

 

À guisa de conclusão, gostaríamos de dizer que o presente relato de experiência resulta de um trabalho que durou pouco mais de dois anos, sendo marcado por inúmeras discussões, leituras, pesquisas e trocas enriquecedoras. Estamos conscientes de que o ofício do tradutor, e mais particularmente o do tradutor literário, está longe de se colocar como a última palavra sobre o texto vertido. Como não existe uma tradução ideal nem perfeita, a atividade tradutória se apresenta como uma dentre outras leituras possíveis de uma obra, sendo atravessada por visões de mundo e subjetividades situadas num dado contexto social e histórico.

Da invisibilidade que sempre lhe foi atribuída à mais recente reivindicação da coautoria, a árdua tarefa do tradutor de textos literários oscila entre a possibilidade e a impossibilidade, o êxito e o fracasso, a fidelidade e a traição. Do tradicional papel ancilar à assunção da visão da tradução como recriação, constatamos, ao longo do tempo, os avanços sobrevindos das reflexões teóricas e das realizações de críticos e tradutores que dialogam no interior das fronteiras disciplinares dos estudos de tradução e da tradutologia, entre outros campos do saber.

Tais questionamentos foram abordados em encontros virtuais que visavam, igualmente, por parte do orientador, comentar, corrigir e dar sugestões para os problemas encontrados nas traduções do bolsista. Foi com imensa satisfação que se constatou o crescimento e o progresso deste último ao longo do estágio. Neste contexto, o projeto FORTRALIT propicia a formação sempre bem-vinda de um futuro profissional de tradução consciente de seu papel de mediador entre línguas-culturas em constante interação, num mundo cada vez mais poroso às trocas entre imaginários e modos de ser e de viver multiculturais.

 

Referências bibliográficas

BERGERON, Léandre. Dictionnaire de la langue québécoise. Outremont (Québec), VLB Éditeur, 1980.

Dicionário Aulete Digital, Editora Lexikon, versão 2021. Disponível em https://aulete.com.br/

Dicionário Houaiss, versão digital, Editora Objetiva Ltda, versão 2021. Disponível em https://houaiss.uol.com.br/corporativo/apps/uol_www/v6-1/html/index.php#0

Dictionnaire Larousse, versão digital. Disponível no site www.larousse.fr;

Dicionário Michaelis Online, Editora Melhoramentos, versão 2021, disponível em: http: https://michaelis.uol.com.br/;

DIONNE, Narcisse-Eutrope. Le parler populaire des Canadiens français. Québec : Laflamme & Proulx, 1909.

GEOFFRION, Louis-Philippe ; RIVARD, Adjutor (Org.). Glossaire du parler français au Canada. Québec : L’Action Sociale, 1930.

GRIGNON, C.-H; et al (2008). Trois visions du terroir: récits et nouvelles. Montréal: XYZ Éditeur, 2008. (Romanichels plus).

INVERNANTE. In: AULETE DIGITAL, Dicionário Online de Português. Lexicon Editora Digital, 2023. Disponível em: <https://aulete.com.br/invernante/>. Acesso em: 03/04/2023.

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LEMIRE, Maurice (Org.). Dictionnaire des œuvres littéraires du Québec. Tome II (1900-1939). Montréal: Fides, 1980.

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RIVARD, Adjutor. Chez nous. [Québec]: La Bibliothèque électronique du Québec, [1941]. (Collection Littérature québécoise). Disponível em: <https://beq.ebooksgratuits.com/>.

RIVARD, Adjutor. Our Old Quebec Home. Tradução de William Hume Blake. New York: Doran Ed., 1924. p. 8-9.

SCHNEIDERMAN, Boris. Tradução: Ato Desmedido. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2019.

 

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