FILME nº 2 - INTOLERÂNCIA - D. W. Griffith (1916)

Intolerance: Love’s Struggle Throughout the Ages (INTOLERÂNCIA, Brasil), mais um blockbuster hollywoodiano do diretor, lançado em 1916. Aos amantes do cinema e principalmente do cinema mudo, um dos maiores clássicos absolutos de todos os tempos, mas pouquíssimo conhecido no Brasil, somente entre os cinéfilos, o grande filme INTOLERÂNCIA, do polêmico, porém genial, D. W. Griffith, lançado em 1916. Vemos aqui a arte narrativa de 4 histórias paralelas que vão se afunilando até correrem simultaneamente. Vemos aqui o pioneirismo de Griffith com o emprego da primeira ocorrência do efeito close up da câmera, uma grande inovação que hoje se tornou banal, porém essencial na linguagem cinematográfica. Cada uma das 4 histórias é exibida em 4 diferentes cores. Sim, para quem não está habituado a filmes mudos e "preto e branco", é difícil de acompanhar porque não há falas, somente os letreiros que passam relativamente rápido, então não pode dormir, mas a trama é espetacular e nos mostra que as limitações da época, em plena 1ª Guerra Mundial, não foi possível frear a criatividade e a inventividade da crescente 7ª arte. É simplesmente impressionante a quantidade de atores, figurantes e a recriação da Babilônia em cenários hollywoodianos, uma pena não terem conservado, pois é riquíssimo o feito deste cineasta.

O que as 4 histórias têm em comum? Obviamente a intolerância, somada à traição e a arte do complô, nada que não vemos hoje.

Vemos o paralelismo narrativo em filmes mais atuais como Babel, por exemplo, um filme de 2006 com 4 histórias que começam paralelamente e depois se convergem e mostra que a causa de toda a trama tem por ponto de origem uma das histórias, ou ainda, uma não contada, variante de uma delas, como a arma que o caçador japonês dá de presente ao guia marroquino e depois seus filhos a pegam escondido e iniciam todos os problemas. 

Certamente um grande passo no mundo cinematográfico que ainda vale a pena conferir. Pra quem não sabe onde encontrar, aqui está o link no YouTube, com legendas, então, sem desculpas, aperta o play e olho na tela!!

Aqui um pequeno resumo das 4 histórias:

A HISTÓRIA 'MODERNA' (1914 d.C.): (Em Cor Âmbar)

No início do século 20, nos EUA, durante uma época de agitação trabalhista, greves e mudanças sociais na Califórnia, entre empregadores e reformadores implacáveis - um jovem católico irlandês, um trabalhador explorado, é injustamente preso por assassinato e condenado à forca. O rapaz é salvo da execução em um resgate de última hora pela chegada de sua esposa com o perdão do governador.

A HISTÓRIA JUDAICA (27 d.C.): (Em Cor Azul)

A Judéia do Nazareno (Cristo) na época de suas lutas com os Fariseus, sua traição e crucificação (contada como uma Peça da Paixão em seus últimos dias) - é a mais curta das quatro histórias.

A HISTÓRIA FRANCESA (1572 d.C.): (Em Cor Sépia)

Renascimento, França medieval do século XVI na época da perseguição e matança dos huguenotes durante o regime da católica Catarina de Médici e seu filho, o rei Carlos IX da França, e as notórias atrocidades de São Pedro. Massacre do Dia de São Bartolomeu (incluindo seus efeitos sobre o casamento planejado de um jovem e inocente casal huguenote - Olhos Castanhos e Prosper Latour).

A HISTÓRIA DA BABILÔNIA (539 a.C.): (Em cor cinza-esverdeada)

A Babilônia do príncipe Belshazzar, amante da paz, na época de seu cerco e queda pelo rei Ciro, o persa, devido aos traiçoeiros sumos sacerdotes - e aos esforços vãos da Garota da Montanha para evitar a tragédia. O cenário ao ar livre para as sequências babilônicas foi o maior já criado para um filme de Hollywood até então, e suas tomadas de multidão com 16.000 figurantes também foram algumas das maiores da história do cinema.

 A interligação das histórias são tem como base a dramatização de um poema de Walt Whitman, um poeta estadunidense pioneiro do verso livre, chamado Leaves of Grass, de 1855. O incrível é o nível de produção e a sincronia que as histórias vão adquirindo com desenrolar da trama. Em um tempo onde a linguagem fílmica estava sendo desenvolvida, se desvinculando da linguagem teatral de onde os atores vieram, adquirindo o grau de realismo que seria alcançado nas décadas seguintes, com o advento do filme falado e da trilha sonora que será um coadjuvante na narrativa cinematográfica.


Assista o filme gratuitamente em: https://www.youtube.com/watch?v=SyqDQnoXa70... 

Destaques de atuação para a já figura carimbada dos filmes de Griffith, Lillian Gish, intitulada a "primeira dama do cinema americano" e Mae Marsh, já vista em "O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation)", de 1915.

ELENCO:

  • Lilian Gish - Mulher do berço/Maternidade Eterna
  • Mae Marsh - A queridinha (história moderna)
  • Robert Harron - O garoto (história moderna)
  • F. A. Turner - O pai (história moderna)
  • Sam de Grasse - Arthur Jenkins (história moderna)
  • Vera Lewis - Mary T. Jenkins (história moderna)
  • Walter Long - Rato (história moderna)
  • Howard Gaye - Cristo (história judaica) e outros
  • Olga Grey - Maria Madalena (história judaica)
  • Frank Bennett - Charles IX (história francesa)
  • Josephine Crowell - Catarina de Médici (história francesa)
  • W. E. Lawrence - Henry de Navarre (história francesa)
  • Margery Wilson - Olhos Castanhos (história francesa)
  • Alfred Paget - Príncipe Belshazzar (hist. babilônica)
  • Seena Owen - Princesa Amada (história babilônica)

VERSÕES (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Intoler%C3%A2ncia_(1916)

Existem atualmente quatro versões principais do filme em circulação:

  1. The Killiam Shows Version - Extraído de uma impressão de 16 mm de terceira geração, esta versão contém uma partitura de órgão de Gaylord Carter. Com duração de aproximadamente 176 minutos, é a versão mais vista nos últimos anos. Foi lançado em LaserDisc e DVD pela Image Entertainment e é a versão mais completa atualmente disponível em home video, se não a mais longa.
  2. The Official Thames Silents Restoration - Em 1989, este filme recebeu uma restauração formal pelos conservacionistas Kevin Brownlow e David Gill. Esta versão, também com 177 minutos, foi preparada pela Thames Television a partir de material original de 35 mm, e seus tons e matizes foram restaurados de acordo com a intenção original de Griffith. Também tem uma partitura orquestral gravada digitalmente por Carl Davis. Foi lançado em VHS nos Estados Unidos brevemente por volta de 1989–1990 pela HBO Video e depois saiu de circulação. Esta versão faz parte da coleção Rohauer. A empresa Rohauer trabalhou em associação com a Thames na restauração. Foi dada uma nova restauração digital pelo Cohen Media Group (que atualmente atua como guardião da biblioteca Rohauer e é o detentor dos direitos autorais desta versão restaurada), e foi reeditada para cinemas selecionados, bem como em DVD e Blu-ray, em 2013. Embora não seja tão completa quanto a versão dos shows de Killiam, esta impressão contém imagens não encontradas nessa impressão em particular.
  3. The Kino Version - montada em 2002 pela Kino International, esta versão, retirada de material de 35 mm, é transferida a uma taxa de quadros mais lenta do que as impressões Killiam Shows e Rohauer, resultando num tempo de execução mais longo de 197 minutos. Contém uma partitura orquestral sintética de Joseph Turrin. Um final alternativo para a sequência de "Queda da Babilónia" está incluído no DVD como um suplemento. Esta versão é menos completa do que as de Killiam Shows e Rohauer.
  4. The Restored Digital Cinema Version - Restauração realizada pela ZZ Productions em colaboração com o Instituto de Cinema da Dinamarca e a Arte France da versão exibida no Teatro Drury Lane em Londres a 7 de abril de 1917. Esta versão dura aproximadamente 177 minutos e estreou no Festival de Cinema de Veneza a 29 de agosto de 2007 e na Arte a 4 de outubro de 2007[15].

David Wark Griffith (22 de janeiro de 1875 - 23 de julho de 1948) foi um diretor de cinema americano, considerada uma das figuras mais influentes da história do cinema. Apesar de todas as críticas feitas ao diretor por ser responsabilizado pelo ressurgimento da Ku Klux Klan (KKK) no século XX, quando já estava desativada, conforme comentado na matéria anterior, sobre o filme O Nascimento de uma Nação, a sua obra não deve deixar de ser apreciada, mesmo para ter opinião sobre o que se comenta e acompanhar a evolução da arte que tanto gostamos, o Cinema. 


 

 

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