Conto nº 2: UM AMANHECER ATÍPICO - Pt. 1

 

UM AMANHECER ATÍPICO - Parte 1
 
Eleonora acordou para mais um dia em sua atribulada vida de gerente de uma seguradora, porém, ao acordar, notou seu quarto diferente. Primeiro, estava deitada em uma cama de casal, não se recordava de tê-la; depois, as paredes estavam uma cor diferente, mas parecida com a que ela mesma pintara. Assustada, se levantou, foi ao banheiro e tomou um susto: Um homem tomando banho em seu chuveiro, mas quem era ele? Correu e voltou ao quarto, recuperou o fôlego, foi à cozinha e teve quase uma síncope ao ver uma garota de uns 20 anos lhe dizendo: "Bom dia, mãe! Que cara de susto é essa?". Sem saber o que responder, correu de volta ao quarto, abriu a porta e encontrou o tal homem nu, mas para sua surpresa, era seu ex-namorado de 20 anos atrás. Ela achou que fosse infartar. Ele tentou agarrá-la e ela, enfim, correu para o banheiro e se trancou, se olhou no espelho e outro choque: estava com os cabelos loiros e com mechas!! Aí ela deu um grito e se sentou no vaso sanitário para processar e tentar entender o que estava acontecendo. Tomou um banho e pensou que ao voltar ao quarto tudo estaria de volta ao normal. Ledo engano. Tudo estava tão maluco como quando acordara, nada mudara até então.
Enrolada na toalha abriu seu guarda-roupa e tinha roupas diferentes, mas no mesmo gosto que o dela. Se vestiu como pôde e foi à cozinha encarar os dois novos personagens na sua vida, bem quase novos. Ela pensou: ex-namorado é como zumbi, quando pensamos que o assunto morreu, eles voltam do nada e te atacam, risos, mas de nervoso com toda essa situação.
 
Chegando na cozinha, os dois que já estavam de saída deram um beijo nela e a filha (que ela ainda não sabia o nome) lhe pediu que a buscasse após a aula porque ia deixar o carro na revisão. Pasmou, mas concordou, na ausência de palavras e pensamentos. 
 
Sozinha, tomou seu café e foi olhar o restante do apartamento que era o mesmo, só que não. Toda a mobília mudada, coisas cafonas, fotos de família, com amigos, caras novas e as mesmas estavam diferente, mas que diabos estava acontecendo? Ela achava que estava dentro de um sonho. Encontrou uma chave de carro e enfim desceu porque já estava se atrasando para o trabalho. 
 
Chegou na garagem, não encontrou seu carro na vaga, era outro e reparou que a cidade na placa era outra e não a sua... o que era aquilo tudo? O que significava isso? Apertou o botão na chave e o tal carro destrancou e piscou o farol, bem, era seu, então entrou. Mais uma vez pegou ar. Pegou seu celular, conseguiu entrar, era a mesma senha, ufa, que alívio! Resolveu procurar seu colega gerente e avisar que ia se atrasar um pouco para reunião, mas quando ele atendeu, ficou surpreso, há anos não se falavam, ela já não trabalhava naquela empresa há 11 anos e ele perguntou da vida dela, mas ela desconversou e disse que ligava mais tarde para pôr o papo em dia.
 
Chegou ao trabalho, estacionou o carro no edifício e subiu. Abriu a bolsa e quando viu no crachá, a empresa que trabalhava era a mesma que deixou há 15 anos, algo de muito errado estava acontecendo. Seus colegas começaram a lhe desejar bom dia e ela só respondendo e quando chega na sua mesa, a vê ocupada. Quem estava sentada ali na sua cadeira, na sua mesa, usando suas gavetas e seus papéis??!! 
 
 
Continua...
 
 
Autor: Caio A. Zini, 07/04/2024.

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RESENHA nº 1 - Curta-metragem CUERDAS, de Pedro Solís García

ENTREVISTA nº 3 - LUCIANA FÁTIMA, pesquisadora do escritor Álvares de Azevedo.

ENTREVISTA nº 1 - MARGARET JULL COSTA, tradutora literária.