Poème 5 - 8 Mars - FLIP 2018 - NANDA LA GABOMA


NANDA LA GABOMA: Artista e mulher de muitos talentos: poeta-slammer, empreendedora social, ativista cultural, colunista de mídia, mas também com formação em Psicologia Social e Ocupacional e muito comprometida com as questões ambientais.

Naelle Sandra – nome artístico Nanda La Gaboma – tem uma crença extrema no poder das palavras. Ela lidera oficinas de poesia, oratória e treina em gerenciamento de estresse e autoconfiança. Participou de vários festivais ao redor do mundo, é membro do coletivo LoSyndicat e co-iniciadora da Le Maquis Bibliothèque. Fizemos uma longa entrevista com ela que nos ajuda a entender sua personagem como mulher africana e sua natureza como artista.

Conte-nos sobre os momentos mais significativos de sua vida, aqueles que o moldaram e fizeram de você quem você é hoje.

No início, havia canto e escrita no ensino médio, muito cedo, eu saía com os artistas, também tocava muitas músicas locais, tradicionais e às vezes francesas. Escrevo meus próprios textos, mas raramente os tornam públicos.  Então, na universidade, conheci poesia slam poesia durante a exibição do filme SLAM em que Saul Williams interpreta. Foi uma revelação. Então fui apresentado à sua prática e muito rapidamente participei de muitas competições de slam e abri para mim a profissão de letrista, poeta, slam. Viagens a outras cidades ou países sempre foram momentos extraordinários que dão sentido à minha arte. Outro destaque é o lançamento do meu primeiro álbum em 2020 (Mié Kamba, Je parole) e principalmente sua apresentação em minha cidade natal diante do olhar espantado de minha falecida mãe. Foi um momento emocionante e foi a primeira vez que ela realmente me viu no palco. Nunca estive tão estressado na minha vida.

Poème 5 - 8 Mars, 2018 - FLIP

Preciso de um dia
Me dão um terço
Preciso de uma semana
Me dão um segundo
Preciso de um mês
Me dão um minuto
Preciso de um ano
Me dão um dia
Preciso de uma eternidade
E nada mais resta a me conceder!
Nem mesmo o direito de existir
Um dia, é o máximo que podem me dar!
Um dia, para quê?
Um dia apenas, mas como fazer?
Um dia para respirar
Um dia para exigir respeito
Um dia para se expressar
Um dia para gritar que guerra é morte e resta a Paz
Um dia para reivindicar
Um dia e depois, o que vou ser?
Seria eu esquecida?
Seria eu negada?
O que sei eu?
Um dia não é nada
Um dia por tudo
Um dia por bem
Um dia por tanto
Um dia!  

Mas agora!
Já que o senhor vai me dar, vou pegá-lo
Para libertar esta palavra que o senhor a fez refém
Já que o senhor a permite, vou ouví-lo
Como um vento impetuoso, serei odiosa

Irei desenterrar as consciências que o senhor enterrou
Despertar a irmandade, irmã, neste voto, leio
Meu último desejo de ver a rainha no trono
Que a escrava seja novamente a patroa
Eu quero ver essas lacunas que se desapegam quando as senhorinhas alçarem seus voos,
Que voem mais alto! Novamente, senhoras, nós vamos voar
Eu vou gritar a plenos pulmões nas janelas de seu realismo

QUEBRANDO O SILÊNCIO (TER)

Eu vou martelar nas portas de vossa razão
TOMAR DE VOLTA O PODER, MULHER, VAMOS VER!
Retomem vossos bens dessas fazendas de bandidos
Saiam um pouco de suas casas
Desses raciocínios que sempre lhes dão razão
Vou passar-lhes lupas para que elas possam ver melhor
Suas belezas, seu valor e o que veem através dos espelhos

Abram seus olhos, minhas irmãs
Vocês não têm nada a invejar a esses senhores Saiam do seu lado vitorioso
Contra suas irmãs, vocês não estão em guerra
Nem mesmo contra o masculino

24h para redesenhar o caminho de uma feminilidade
Forte, orgulhosa unificadora absolvida da "femi-nulidade"
De uma feminilidade que se afirma
Tranquiliza -se, afirma, portanto, avança a passos firmes
Longe da trilha batida de um feminismo em marcha lenta
Fazendo da mulher o homem que ela jamais será

Vou redistribuir as sementes da criatividade a cada uma
Para que ela cultive a arte da palavra, do belo Mulher, o universo é a sua massa
Dê-lhe a forma que quiser
Eduque, molde, surpreenda
Para que seus desejos sejam cumpridos
Um dia me é concedido e eu sei que é insuficiente
Para o resto, deles vou me apropriar para assim fazer
A liberdade é arrebatada
O Tempo e os dias também
Eu pegaria o presente, o amanhã assim
E a eternidade sem pestanejar
Vocês me oferecem este dia
Vocês não deveriam, pois todo o dia,
Para uma mulher, rima com todos os dias.

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J’ai besoin d’un jour
On m’accorde une tierce
J’ai besoin d’une semaine
On m’accorde une seconde
J’ai besoin d’un mois
On m’accorde une minute
J’ai besoin d’une année
On m’accorde un jour
J’ai besoin d’une éternité
Et là plus rien à m’accorder !
Pas même le droit d’exister
Un jour, le maximum qu’on peut me donner !
Un jour pourquoi faire ?
Un seul jour mais comment faire ?
Un jour pour respirer
Un jour pour exiger le respect
Un jour pour s’exprimer
Un jour pour crier que guerre est morte il reste Paix
Un jour pour revendiquer
Un jour et après que serai-je ?
Serais-je oubliée ?
Serais-je niée ?
Que sais-je ?
Un jour ce n’est rien
Un jour pour tout
Un jour pour bien
Un jour pour tant
Un jour !

Mais bon !
Puisque vous me le donner je vais le prendre
Pour libérer cette parole que vous avez faites captive
Puisque vous le permettez je vais l’étendre
Comme un vent impétueux je serai hâtive

J’irai déterrer les consciences que vous avez ensevelies
Réveiller la sororité, sœur, en ce vœu lis
Mon ultime envie de voir la reine au trône
Que l’esclave redevienne patronne
Je veux voir ces écarts qui se vautrent
Quand des petites dames prendront leur envol
Allez plus haut ! Encore Mesdames, on s’envole
J’irai hurler à tue-tête aux fenêtres de leur réalisme


BRISER LE SILENCE (TER)

J’irai tambouriner sur les portes de leur raison
REPRENEZ LE POUVOIR FEMME VOYONS !
Reprenez vos avoirs à ces fermes voyous
Sortez un peu de vos maisons
De ces raisonnements qui leur donnent toujours raison
Je leur passerai des loupes pour qu’elles puissent mieux voir
Leurs beautés, leur valeur et ce qu’elles ne voient au travers des miroirs

Ouvrez les yeux mes sœurs
Vous n’avez rien à envier à ces messieurs
Sortez votre côté vainqueur
Contre vos sœurs vous n’êtes point en guerre
Même pas contre le masculin

24h pour redessiner le chemin d’une féminité
Forte, fière fédératrice absoute de « fémi-nullité »
D’une Féminité qui s’assure
Se rassure, assure donc avance à coup sûr
Loin des sentiers battus d’un féminisme à deux balles
Faisant de la femme l’homme qu’elle ne sera jamais
 
Je redistribuerai des graines de créativité à chacune
Afin qu’elle cultive l’art du mot, du beau
Femme l’univers est ta pâte
Donne-lui la forme que tu veux
Eduque, forme, épate
Afin que soient réalisés tes vœux
Un jour m’est accordé et je le sais insuffisant
Pour le reste je vais me les approprier ainsi faisant
La liberté s’arrache
Le temps et les jours aussi
Je prendrais le présent, le demain ainsi
Et l’éternité sans relâche
Vous m’offrez ce jour
Vous n’aurez pas dû car tout jour
Pour une femme rime avec toujours.

[Traduzido por Caio A. Zini]
 






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