07/09/1978 - A BATIDA FINAL DE KEITH MOON

 


KEITH JOHN MOON (Wembley, 23 de agosto de 1946 – Mayfair, 7 de setembro de 1978) 

Neste mês de setembro celebrou-se também a perda de uma grande lenda do rock britânico e internacional, meu batera preferido de todos os tempos: o lunático KEITH MOON!! Icônico baterista da banda THE WHO, sim, aqueles que destruíam instrumentos e quartos de hotel em suas loucas turnês pela Europa, Estados Unidos e Oceania nas décadas de 1960 e 1970!

Com um comportamento violento desde a infância ou adolescência, após agredir sua mãe, chegou a passar um período em um hospital psiquiátrico londrino, mas sua mãe jamais mencionou o episódio da agressão. Conhecido também por suas loucuras cometidas durante as turnês que, nas palavras de Alice Cooper: "Everything you've heard is true - and you've only heard a tenth of it". Aqui algumas das piores na estrada: usar o microfone da estação de metrô de Finchley Road, em pleno bairro judeu, para imitar a voz de Hitler ou as ordens da Gestapo, que estavam disponíveis para serem entendidas na atualidade. Sem ser antissemita, Keith conserva sempre esta forma de humor particular (se você pode considerar isso de humor) ao ponto de se disfarçar em oficial nazista, de preferência quando na Alemanha, e autorizar as mídias para um difusor de fotos. Keith sofria de BDP (Borderline Personnality Disorder -Transtorno Borderline de Personalidade), o que significa que a pessoa está permanentemente no limite entre a psicose e a nevrose. É, tudo piora quando se adiciona álcool e drogas (legais e ilegais) na soma dos fatores. Isso explica seu comportamento?

Problemas pessoais à parte, Keith iniciou sua carreira com o grupo de surfmusic BEACHCOMBERS e ficou conhecido na região como o "baterista que batia mais forte", mas logo se enfadaria, pois os músicos era muito educados e gente finas, então ele partirá ao encontro do grupo que o explodirá ao mundo da música: THE WHO que na época ainda eram chamados de THE DETOURS.  Nessa idade de descoberta com seu primeiro grupo que ele começa a desenvolver seu gênio destrutivo, mesmo ainda sem ingerir álcool, é também nesta idade que Keith descobre o prazer de devastar certos lugares que ainda não eram quartos de hotel, ele experimentou sua primeira devastação em atear fogo ao vestiário da pista de patinação no gelo de Wembley, onde o gerente havia alugado para ele um par de patins composto por, pasmem... dois pés esquerdos! Então, em sua mente, nada mais justo do que destruir tudo ao seu redor, marcando assim a sua maneira de se divertir. 

Ao entrar no THE DETOURS, ao lado de Pete Townshend e Roger Daltrey, substituirá Doug Sandom, um músico muito mais velho, casado e censurado pela esposa que não via com olhos nada bons as saidinhas noturnas de cinco ou seis vezes por semana do esposo. Para se entrosarem como banda e ao mesmo tempo ganharem alguns xelins, o WHO tocava sempre que possível em discotecas, bares, e claro, da menor festa de igreja à menor festa privada onde era preciso de uma atração. A atmosfera entre os músicos era famosa por ser detestável: não é segredo que o Who teve dificuldade em apoiar-se mutuamente. Além disso, as letras são fracas; praticamente pode-se dizer que eles se odiavam e só estavam unidos apenas pela sede de sucesso, o que de fato não mudará este estado de coisas após alcançado, então os desentendimentos rapidamente se transformaram em violência física, principalmente com Roger Daltrey, que não abusava do álcool, enquanto os outros três faziam uso absurdamente alto. Notando que, de modo geral, o público apreciava essas manifestações non-sense, Keith criou a sua marca registrada, sendo considerado “o baterista que destrói o seu instrumento” no final de cada concerto... porém, estas destruições diárias rapidamente lhe poriam em sérios problemas financeiros e com os hotéis onde ficava. Uma espécie de equilíbrio será, no entanto, encontrada quando todos tiverem demarcado o seu território: o baixista John Entwistle propõe-se a ambição de ser o melhor instrumentista dos quatro... o guitarrista Peter Townshend compromete-se a assinar a maior parte das composições do seu repertório e, aliás, torne-se o porta-voz do grupo...Keith e o cantor Roger Daltrey se contentarão em ser “os mais bonitos”, pelo menos é o que anunciam à imprensa. O baterista maluco não hesitou em escrever “I love Keith” na van deles com batom! Mas em 1968, após quatro anos de consumo desenfreado de álcool, seu físico piorou.

O lançamento do álbum duplo “Tommy” em 1969 marcou o início de uma nova era na história do grupo: correndo o risco de colapsar, pelo menos no seu próprio país, pois as vendas do single 45 se tornavam pífias, a sua ópera rock “Tommy” os joga de volta ao primeiro plano bem ao lado dos Beatles e dos Stones. Com “Tommy”, o grupo obtém suas cartas de nobreza e com essa respeitabilidade adquirida, bem, um tanto quanto tarde, Keith nunca mais vai considerar tornar-se baterista de outro grupo. “Porcaria, não vou deixar o Who!” (em 1971, um boato preocupava os fãs: Keith estava prestes a se tornar o baterista dos Beach Boys), declarou ele ao Record Mirror em 2 de agosto de 1969.

Sua impulsividade fez resultar uma série de episódios trágicos em sua vida pessoal, considerando as destruições de quartos de hotéis enquanto alcoolizado, fatos testemunhados por diversos músicos e funcionários e que lhe causaram um prejuízo milhonário, mas foi em 1970 houve um plot twist em sua vida quando saía de um pub londrino. O baterista estava embriagado e acabou sendo ameaçado por skinheads junto ao seu guarda-costas Neil Boland e buscando apaziguar o tumulto, Boland amparou-o até seu carro, mas de tão desesperado, Moon ligou o carro e rapidamente arrancou do local e arrastou seu guarda-costas enroscado no carro, matando-o. Apesar de ter sido inocentado, o episódio marcou Keith e o afundou no uso de drogas e álcool, prejudicando suas habilidades motoras como instrumentista e afastando os companheiros de trabalho, que gradativamente desacreditavam no artista pelos atrasos constantes. Buscando melhorar, o baterista passou por um longo processo de desintoxicação na segunda metade da década de 1970.

Após iniciado seu tratamento em 1976, dois anos depois Keith foi convidado para um jantar com Linda e Paul McCartney, comparecendo com sua namorada Annette. ao chegar em casa, o músico ingeriu 32 cápsulas do medicamento receitado, desmaiando na cama e vindo à óbito, vítima de uma overdose. Em sua autópsia, o legista constatou que 26 das pílulas nem chegaram a dissolver em seu organismo. Seu funeral ocorreu em Londres e contou na presença de músicos e fãs durante uma cerimônia privada, onde seu corpo foi cremado e as cinzas espalhadas pelo jardim do crematório. Foi postumamente introduzido ao Rock'n Roll Hall of Fame em 1990 e foi eleito o segundo melhor baterista de todos os tempos em 2011, ficando atrás apenas de seu amigo e também falecido baterista, John Bonham.


Fontes:

Keiitth Moon batttteur des Who, l''artiste infréquentable - Rédaction : Daniel Lesueur Le 16 Février 2023 (https://www.poptastic-radio.com/keith-moon-batteur-des-who-artiste-in.)

A MORTE DE KEITH MOON, BATERISTA DO THE WHO - WALLACY FERRARI PUBLICADO EM 14/05/2020, ÀS 16H00 (https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/reportagem/outra-vitima-do-clube-dos-27-a-morte-de-kei)

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