18/09/1970 - JIMI HENDRIX, O FIM DA LENDA

 


Mundialmente conhecido por JIMI HENDRIX, mas nascido Johnny Allen Hendrix, posteriormente alterado para James Marshall Hendrix, na data de 27 de novembro de 1942, na cidade de Seattle, capital do Estado de Washington, EUA, e falecido em 18 de setembro de 1970, aos 27 anos, na cidade de Londres, capital do Reino Unido. Celebra-se hoje 54 anos de sua morte.

Considero Jimi o pai da música moderna, não apenas no âmbito do Rock ou do Blues ou do R&B, mares os quais ele navegou com maestria, mas também da música Pop em geral. Ele é o grande fusor de todos os estilos da música americana até então existentes, cujas raízes vêm do Blues, o antigo estilo musical forjado pelos escravos africanos capturados na África para as lavouras de algodão no sul do país que fomentaram a Revolução Industrial inglesa. Falando em Revolução, esta é a palavra que mais define Jimi, é o que o significa para a música, e das revoluções da História, diria que ele seria a queda da Bastilha musical que veio rompendo com todos os padrões existentes, quebrando muros, paredes, barricadas, explodindo limites e barreiras que separavam o Blues do Rock e do Jazz, principalmente, fundindo-os, amalgamando-os em sua poderosa mini-banda, seu power trio chamado THE JIMI HENDRIX EXPERIENCE criado em 1966,  provavelmente a primeira banda forjada da história da música, responsável por abalar a Swinging London da década de 1960, fazendo todos os grandes nomes não só da guitarra, mas da cena musical geral repensarem suas carreiras, pois muitos pensaram em pendurar as guitarras. Se Jimi fosse um arcano de Tarot, seria A Torre (Ou La Maison de Dieu), exatamente o raio que atinge a torre, pondo-a abaixo; se ele fosse um efeito da natureza, provavelmente um tornado, ou um meteoro; se fosse uma arma, uma bomba H, enfim, podemos escolher qualquer símbolo que remeta a uma mudança repentina, incontrolável e definitiva, eis a sua indelével marca no mundo da música com suas explosivas performances trazendo o melhor do Chitlin' Circuit*.

Nascido nos EUA, mas musicalmente batizado na Inglaterra, aliás, um batismo nada tranquilo, pois foi junto à já famosa banda CREAM, um power trio ainda em formato de Blues Rock e R&B formado por ninguém menos que o Guitar God, Eric Clapton na guitarra, além dos já conhecidos na cena musical, super experientes e competentes Jack Bruce no baixo e vocais, mais Ginger Baker na bateria. Jimi não se acanhou com Clapton e entrou quebrando tudo com a cover de Killing Floor, famosa com o mestre Howlin' Wolf, aliás, quem estava na plateia desta apresentação eram nada menos que o pessoal do Pink Floyd e o show foi decisivo para a estreia da banda no circuito londrino, como mencionou Roger Waters em entrevistas. Quem se abalou foi Eric Clapton que juntamente com seus parceiros de banda, reformularam a direção musical que tinham, uma pena que não durou muito. Quem descobriu Jimi nos palcos novaiorquinos foir Linda Richards, namorada de Keith Richards que imediatamente ligou para Chas Chandler, ex-baixista do The Animals que o convenceu a ir para Londres tomar um banho de loja na Carnaby Street e alistar os membros de sua nova banda. Nos EUA, Jimi tocou com mestres como Little Richard, B. B. King e Isley Brothers. Foi recusado por Ike Turner que admitiu em entrevista que se sentiu ofuscado pelo talento de Hendrix.

A banda THE JIMI HENDRIX EXPERIENCE, uma espécie da trindade musical, aliás, a mais desvalorizada da história da música, pois ninguém se lembra de Mitch Mitchell, um fantástico baterista de formação jazzística, e de Noel Redding, um baixista que já era um experiente guitarrista de rock da cena e topou ir para o baixo, dizem que foi contratado pela sua farta cabeleira. Essa trindade: Jimi, o bluesman; Mitch, o jazzista e Noel, a alma rockeira, formam o blend mais fantástico que estourou nos altos falantes deste planeta, um som ainda não compreendido, mas ultramoderno. Quem os ouve atualmente não vê nada demais, mas foram os pioneiros deste tipo de Blues Rock psicodélico, dando bases para o hard rock, o heavy metal, o rock progressivo e as bandas de rock alternativo atuais, todas beberam das fontes hendrixianas, conforme confessado pelo guitarrista Ritchie Blackmore, do Deep Purple, seu herdeiro mais fiel e verdadeiro, além de outros como o alemão Uli Jon Roth, o sueco Yngwe Malmsteen, Dave Mustaine, do Megadeth, o inglês e contemporâneo, Robin Trower, entre inúmeros outros.


O disco de estréia, Are You Experienced?, é um tapa na cara. Teve atrasado seu lançamento para não abafar Sgt. Peppers, dos Beatles. Músicas como Hey Joe, Fire, Foxy Lady, Purple Haze, o Blues de Red House e a minha predileta: Third Stone From The Sun, um fusion de primeira, continua sendo um marco na história do rock. No mesmo ano foi lançado o segundo álbum, Axis: Bold As Love, ótimo e marcante, mas a sua obra-prima é o terceiro álbum de estúdio: Electric Ladyland, gravado em seu próprio estúdio na Big Apple, o Electric Lady Estúdios, com a presença de convidados, o que causou o racha na banda com a saída do baixista Noel Redding. As apresentações de Monterey, a sua estreia como Jimi Hendrix em seu próprio país após o batismo inglês, e a do Woodstock, foram muito marcantes e até hoje celebradas. Ele voltaria a revolucionar a música al gravar os shows de ano-novo para cumprir um contrato com a Columbia records, mas desta vez, por pressões dos grupos raciais, como os Panteras Negras, a banda que o acompanha é formada de dois músicos negros: o baixista Billy Cox, seu velho amigo de exército, e o experiente baterista Buddy Miles que já vinha da banda Eletric Flag, então juntos formaram a BAND OF GYPSIES forjando um som de pegada funk, com longos solos e muitos efeitos na longa faixa "Machine Gun", além das demais serem bem diferentes do que ele começou a fazer com a The Experience. Sua meia-irmã, Janie Hendrix, tomou seu espólio e fundou a Experience Hendrix Records, relançando todo seu catálogo remasterizado e desenterrando inúmeras canções e versões que nunca tinham visto o sol. Será que Jimi as aprovaria? Creio que ele é o artista que mais produz postumamente falando. O catálogo póstumo de Hendrix é algo inacreditável, sem contar as edições não autorizadas lançadas pelo seu ex-engenheiro de som, Alan Douglas, em vinil.

Com sua misteriosa morte, segundo a mídia, engasgou com seu próprio vômito, mas os relatórios da policia londrina apontam outra coisa que nunca foi esclarecida, embora seus parceiros de banda e amigos acompanharam a investigação, não foi esclarecido a real causa, pois a mim, ele foi assassinado a mando de seu empresário, Michael Jeffery, que fugiu com seu dinheiro e acabou morrendo em um desastre aéreo. 

Seu legado é indiscutível e indelével, suas mudanças na música, sem chance de retorno e revoluções se fazem com armas e ideais, Hendrix usou a guitarra como sua arma e a fusão de estilos como ideais, logo, ecoarão pela eternidade em nossos ouvidos e corações. Um salve a Jimi Hendrix, um salve à sua música!!

Por Caio A. Zini


*Chitlin Circuit, rede de locais de entretenimento ao vivo nos Estados Unidos que atendia ao público afro-americano e contratava artistas negros durante o período de segregação de Jim Crow, do início do século XX até a década de 1960. Os clubes do Chitlin Circuit apresentavam uma variedade de atos que incluíam música, dança e comédia e desempenharam um papel crucial na popularização do blues, jazz, rhythm and blues (R&B) e rock and roll. Após o apogeu do Chitlin Circuit, uma rede contemporânea de clubes e teatros negros continuou a operar e a exibir talentos estabelecidos e novos.
Origens do nome: O nome “Chitlin Circuit” deriva da palavra chitlins, que vem de chitterlings, o termo para um prato sulista que consiste em intestinos de porco fritos ou cozidos com especiarias e aromáticos. Um alimento básico dos hábitos alimentares negros desde a era da escravidão, os chitlins há muito são considerados uma iguaria pelos afro-americanos. Muitos locais de apresentação no Circuito Chitlin serviam chitlins e outros pratos de soul food, e os artistas às vezes eram compensados ​​com uma refeição em vez de dinheiro. Fonte: https://www.britannica.com/topic/chitlin-circuit

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