Biografia do autor nº 3: LUCHINO VISCONTI

 


LUCHINO VISCONTI DI MODRONE  (02/11/1906, Milão - 17/03/1976, Roma) - Cineasta italiano da escola do Neorrealismo Italiano, junto a diretores como Roberto Rossellini, Vittorio De Sica e Michelangelo Antonion. No ano de 1942, o crítico de cinema Antonio Pietrangeli utiliza o termo Neorrealismo pela primeira vez, em referência ao filme "Obsessão", de Visconti. O período neorrealista do cinema italiano, conhecido como a Era de Ouro do cinema italiano, a mais prestigiada escola do cinema italiano do pós-guerra, teve seu auge no final dos anos 1940. Paralelamente a este movimento, aconteceram a Nouvelle Vague na França, o Cinema Novo no Brasil, o Cinema Livre na Inglaterra, a Escola de Cinema Polonesa e diversos outros ao redor do mundo, inspirando até diretores do movimento Cinema Paralelo Indiano. O movimento naufragou rapidamente na década de 1950, fazendo com que a maioria de seus filmes fracassasse nas bilheterias, pois a pobreza e o desespero retratados pelo cinema neorrealista, terminava por deixar a população desmoralizada, ansiando por mudanças e a ter esperanças de prosperidade. O público pagante deixou de ter interesse em ver sua própria imagem na tela. Dois dos mais importantes precursores do Neorrealismo. Em 1936, conheceu o cineasta Jean Renoir; assinando os figurinos de “A Country Party”. Foram o diretor francês Jean Renoir, com "Toni" (1935), e o italiano Alessandro Blasetti, com "1860" (1934). A obra do diretor francês influenciou tanto Luchino Visconti quanto Michelangelo Antonioni, que trabalharam com ele. Visconti tornou-se assistente de Renoir em “Les Bas-fonds” (1937).

Filho do duque de Modrone, uma prestigiada família aristocrática lombarda, Luchino foi um homem mundano, apaixonado por pintura, teatro e arte lírica. Para se distanciar das suas origens aristocráticas, por vezes trouxe à tona sua ascendência burguesa, e até popular, através da sua mãe que veio de uma família de industriais e ele reproduzia seu dito: "criaram-se pela força do pulso". Alterna a ousada adaptação de obras contemporâneas (Jean Cocteau, Erskine Caldwell, Tennessee Williams, Arthur Miller) com o renascimento de grandes clássicos (Shakespeare, Dostoiévski, Tchekhov, Goldoni) encenados de forma revolucionária. A sua paixão pelos palcos levou-o então (a partir de 1954) a dirigir óperas, em particular para o La Scala de Milão. É autor de uma das versões mais famosas de La Traviata, com Maria Callas. Ao longo de sua carreira, até sua morte em 1976, Luchino Visconti nunca deixou de alternar seu trabalho como cineasta – dirigiu um total de 14 longas-metragens – com teatro e ópera. Apelidado de "Il maestro", trouxe a fama a atores como Claudia Cardinale, Alain Delon, Romy Schneider, Maria Callas, Marcello Mastroianni, Helmut Berger e muitos outros.

Em 1942, aos seus 37 anos, o próprio Visconti financiou e dirigiu seu primeiro longa-metragem, “Obsessão" (Ossessione). Filmado fora dos estúdios com o intuito de recriar a “realidade” social italiana de maneira mais fiel quanto podia, este filme virá a ser o precursor e também um manifesto do neorrealismo porque deixou claro que algo muito original estava acontecendo no país, revelando uma Itália além de paisagens pitorescas, expondo seus aspectos pobres, ordinários e insignificantes. Após algumas exibições, “Obsessão” foi banido pelos fascistas e por suspeitas de ligações próximas com a resistência comunista, Visconti é preso e alguns de seus amigos são executados. Libertado pelos Aliados, em 1944, Visconti começou a dirigir teatro, onde rapidamente alcançou imenso sucesso. 

No auge do Neorrealismo, em 1948, Luchino Visconti adaptou "I Malavoglia", um romance de Giovanni Verga que foi escrito durante o movimento realista denominado "Verismo", no século 19 (o qual fundamentou as bases do Neorrealismo, por vezes referido como "Neoverismo"). Em sua adaptação, Visconti modernizou o universo da história, o que resultou em uma pequena, porém notável mudança no tom da narrativa. O filme resultante disso, "A Terra Treme (La Terra Trema)", foi estrelado somente por atores não profissionais e filmado na mesma vila onde se localizava o romance. O neorrealismo de Visconti já é vítima de miragens: os personagens não querem sobreviver, mas aliar o amor louco ao sucesso material. O neorrealismo revela a futilidade de um mundo precário, mas para além do impasse material, a angústia dos personagens viscontianos reside na impossibilidade de vivenciar a ilusão do amor.

Depois de "Sandra" (1965), um filme de menor alcance, cujo tema é o incesto, estrelando Giacomo Leopardi e Claudia Cardinale, Visconti deu início ao seu projeto faraônico em torno de temas mitológicos, contudo, ele não a completaria, embora iniciada em 1969 com "The Damned", onde dirigiu seu próprio amante, Helmut Berger. Enquanto produzia a última parte de sua tetralogia, Luchino Visconti sofreu um ataque que o deixou meio paralisado. As filmagens foram canceladas.

Adaptou Thomas Mann com "Morte em Veneza", em 1971, obra mortal e fascinante com o grande Dirk Bogarde, que apresenta uma reflexão sobre a inevitabilidade da morte e que foi seguida pelo imponente "Ludwig", em 1972, com Helmut Berger, tratando uma obra de cinco horas sobre o rei Ludwig II da Baviera, um dos mais magistrais governantes.

Solitário, doente, ainda conseguiu entregar dois filmes finais, "Violência e Paixão" (1974), uma autobiografia mal disfarçada, com Burt Lancaster e Helmut Berger; e "O Inocente" (1976), com Laura Antonelli e Giancarlo Giannini, baseado no romance de Gabriele D'Annunzio. Ele morreu logo após completar uma primeira edição que não o satisfez, sem embargo, esta não aclamada obra não sofrerá com sua prematura morte.  

Outros filmes amplamente aclamados de Visconti incluem "Bellissima" (1951; The Most Beautiful) e "Siamo donne" (1953; We the Women), ambos estrelados por Anna Magnani; "Rocco e i suoi fratelli" (1960; Rocco and His Brothers); e "Il gattopardo" (1963; The Leopard), baseado no romance de Giuseppe di Lampedusa sobre um aristocrata tradicional com convicções liberais, um personagem com quem Visconti se identificou fortemente; "Lo Straniero" (1967; The Stranger); "La caduta degli dei" (1969; The Damned).


Fontes:

https://cinedweller.com/celebrity/luchino-visconti/

https://www.passioncinema.ch/luchino-visconti-laristocrate-du-peuple/ 

https://institut-iliade.com/luchino-visconti-portrait-du-dernier-guepard/

https://www.cinematheque.fr/cycle/luchino-visconti-406.html

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