Biografia do autor nº 5: PAUL VERHOEVEN

 

PAUL VERHOEVEN (nascido em 18 de julho de 1938, Amesterdam, Holanda). Um diretor holandês de cinema, especializado em filmes de ação, principalmente, e também na linha erótica. Seus famosos, blockbusters são os mais violentos, mas ainda assim nos levam à reflexão de como a sociedade aborda os assuntos que ele traz em suas obras que são moralmente matizadas. Depois de dirigir vários filmes populares na Holanda, no início de sua carreira - no final da década de 1960 -, Verhoeven obteve um sucesso do mesmo quilate em Hollywood nas décadas de 1980 e 1990, porém com um público superiormente mais amplo, a nível global agora, não mais regional. 

Falando um pouco de sua vida pessoal, podemos entender a temática de seu início de carreira. Verhoeven passou sua infância em Haia vivenciando a violência dos bombardeios da Segunda Guerra Mundial. Graduou-se em matemática e física pela Universidade Estadual de Leiden no início da década de 1960 e, durante esse período, estudou também na Academia Holandesa de Cinema, realizando vários curtas-metragens. Verhoeven serviu na Marinha Real Holandesa e lá realizou um documentário para o Serviço de Cinema da Marinha que marcou o 300º aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais, os Het Korps Mariniers (1965; Corpo Real de Fuzileiros Navais Holandês). 

Após esse período na Marinha Holandesa, iniciou seus trabalhos de direção na série de TV Floris (1969), passada na época medieval e marca o início da frutífera parceria com Rutger Hauer, retornando com ele em seus trabalhos seguintes. Dirigiu também uma biografia para a TV do líder do partido fascista holandês durante a Segunda Guerra Mundial,  chamada Portret von Anton Adriaan Mussert (Retrato de Anton Adriaan Mussert) (1970). Seu primeiro longa-metragem foi Wat zien ik (Negócios são Negócios) (1971), uma comédia sobre duas prostitutas que encontraram um público agradecido. Seu próximo filme foi baseado num romance de Jan Wolkers, a narrativa da sensual história de amor Turkish Delight (Louca Paixão) (1973), com Rutger Hauer e o primeiro filme dirigindo Monique Van de Ven, ambos protagonizando e recebendo uma indicação para o Oscar como melhor filme estrangeiro. Keetje Tippel (Os Amantes de Katie) (1975) apresenta van de Ven no papel de uma garota que é forçada a recorrer à prostituição para ajudar a sustentar a sua família. Verhoeven juntou-se mais uma vez a Hauer em Soldaat van Oranje (Soldado de Laranja) (1977), narrando uma história sobre a resistência holandesa durante a Segunda Guerra Mundial. Spetters (1980), uma história brutal de amadurecimento envolvendo pilotos de motocross, recebeu críticas mistas. O filme seguinte de Verhoeven, De Vierde Man (O Quarto Homem) (1983), se trata de um filme de terror psicológico centrado num romancista bissexual, considerado por muitos críticos, uma obra-prima. Inciando uma guinada em sua carreira, o primeiro filme de Verhoeven em inglês foi também seu último com Rutger Hauer, o explicitamente violento Flesh Blood (1985), uma história sangrenta de vingança, peste e traição durante a Idade Média.

Em uma virada de 360º em sua carreira, Verhoeven se lança em Holywood em uma nova etapa, a dos blockbusters, abordando temáticas totalmente diferentes e modernas das que estava realizando na Europa. Começando com o clássico de ficção científica de sucesso RoboCop (1987), sobre um polícia assassinado transformado num guerreiro ciborgue. Seguiu-se outro megahit de ficção científica, Total Recall (O Vingador do Futuro) (1990), protagonizado por Arnold Schwarzenegger e baseado num conto de Philip K. Dick. O thriller erótico Instinto Fatal (1992), protagonizado por Michael Douglas e Sharon Stone, foi outro sucesso de bilheteira e contém a famosa cena provocativa de Stone ao cruzar suas pernas. Verhoeven traz o amplamente criticado Showgirls (1995), passado em Las Vegas, exagerando no erotismo e sendo questionado sobre esta temática, uma versão mais exagerada do que ele fez em Turkish Delight e Keetjie Tippel (Leia o tópico anterior sobre Os Amantes de Katie para maiores informações e comparações). 

Verhoeven regressou à ficção científica com Starship Troopers (1997), baseado num romance de Robert Heinlein, e O Homem Sem Sombra (2000). Este último também com elementos de terror, no entanto, nenhum dos dois alcançou o mesmo nível de aclamação da crítica ou do público dos seus filmes anteriores. Regressou à Holanda para o seu próximo filme, Zwartboek (2006; A Espiã), outra história da resistência holandesa na Holanda ocupada pelos nazis com uma agente holandesa espionando para os aliados, até ser descoberta. O drama — que escreveu com Gerard Soeteman, um colaborador frequente — foi um triunfo. Depois da comédia menor Steekspel (2012; Enganada), Verhoeven recebeu muitos elogios e uma nomeação para o prémio principal no festival de cinema de Cannes por Elle (2016). O filme francês examina as respostas de uma mulher (Isabelle Huppert) ao abuso sexual sofrido. 

Falar sobre Benedetta (2021), um filme baseado na história real de uma freira italiana que passa por um grande dilema ao ser lésbica e estar em um convento, sustentando a realização de seus desejos ao mesmo tempo que tem visões proféticas com uma versão violenta de Jesus Cristo. Posta em dúvida por suas colegas e superiores, o espectador verá muitas cenas fortes de sexo lésbico e os paradoxos que a Igreja enfrenta neste período, aqui Verhoeven volta a ser polêmico e a receber paralelos com seus filmes de forte erotismo ao longo de sua prolífica carreira.

Um de seus ditos que resume sua carreira cinematográfica: "As pessoas adoram ver violência e coisas horríveis. O ser humano é mau e não suporta mais do que cinco minutos de felicidade. Coloque-o num cinema escuro e peça para ele assistir a duas horas de felicidade e ele sairá andando ou dormirá", disponível em seu perfil no site de streaming, MUBI (https://mubi.com/en/cast/paul-verhoeven).

Referência:

Bauer, Pat. "Paul Verhoeven". Encyclopedia Britannica, 5 Feb. 2025, https://www.britannica.com/biography/Paul-Verhoeven. Accessed 4 June 2025.

 

Caio Zini