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Biografia do autor nº 3: LUCHINO VISCONTI

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  LUCHINO VISCONTI DI MODRONE  (02/11/1906, Milão - 17/03/1976, Roma) - Cineasta italiano da escola do Neorrealismo Italiano, junto a diretores como Roberto Rossellini, Vittorio De Sica e Michelangelo Antonion. No ano de 1942, o crítico de cinema Antonio Pietrangeli utiliza o termo Neorrealismo pela primeira vez, em referência ao filme "Obsessão", de Visconti. O período neorrealista do cinema italiano, conhecido como a Era de Ouro do cinema italiano, a mais prestigiada escola do cinema italiano do pós-guerra, teve seu auge no final dos anos 1940. Paralelamente a este movimento, aconteceram a Nouvelle Vague na França, o Cinema Novo no Brasil, o Cinema Livre na Inglaterra, a Escola de Cinema Polonesa e diversos outros ao redor do mundo, inspirando até diretores do movimento Cinema Paralelo Indiano. O movimento naufragou rapidamente na década de 1950, fazendo com que a maioria de seus filmes fracassasse nas bilheterias, pois a pobreza e o desespero retratados pelo cinema neo...

Filme nº 11 - LO STRANIERO (L'ÉTRANGER), dirigido por LUCHINO VISCONTI

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 A adaptação cinematográfica da obra O ESTRANGEIRO, de Albert Camus, feita pelo renomado cineasta italiano, Luchino Visconti, nomeada em italiano de LO STRANIERO, lançada em 1967, não obteve a mesma aceitação que seus filmes anteriores pela crítica especializada. Foi uma preparação turbulenta, começando com a liberação da adaptação pela viúva do autor, Francine Camus, que a liberou sob a condição de que não houvesse nenhuma alteração na trama, fiel à la lettre , diferente da ideia de outros cineastas que pretendiam adaptá-la. A ideia da adaptação veio do momento que Visconti dirigia a atriz Silvia Mangano em "As Bruxas" e o marido da atriz, Dino de Laurentiis (conhecido pelas adaptações de Conan, O Bárbaro, com Arnold Schwarzenegger, na década de 1980), em posse dos direitos da obra de Camus, convenceu-o a dirigir, o que não foi difícil, pois o italiano era fã da obra literária.    As filmagens começaram em 1º de dezembro de 1966 e terminaria em fevereiro de 1967. Entre o...

Biografia do autor nº 3: KAMEL DAOUD

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KAMEL DAOUD , escritor e jornalista argelino de língua francesa, nascido em 17 de junho de 1970 em Mesra (wilaya de Mostaganem), Argélia, naturalizado cidadão francês em 2020, é vencedor do prêmio Goncourt pelo primeiro romance em 2015.  Nascido na Argélia - país pertencente à região do Magreb, uma área da África Setentrional (conhecida como África Branca), que corresponde à região ocidental do norte do continente africano e compreende os seguintes países: Marrocos, Saara Ocidental (território controlado pelo Marrocos), Argélia, Tunísia e Mauritânia - na década de 1970, uma Argélia tradicional que ainda despontava como potência regional. A “Década Negra”, de 1990, irrompeu uma guerra civil opondo radicais islâmicos ao governo nacionalista liderado pela geração que lutou pela independência, vencendo o lado nacionalista, porém a religião islâmica avançou sobre o espaço público. Islâmico ortodoxo durante sua adolescência, Daoud abandonou a religião aos 18 anos de idade e começou ...

Curiosidade nº 3: O ESTRANGEIRO, de Albert Camus e o art. 375 do CPC/15

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  O ESTRANGEIRO, de Albert Camus e o art. 375 do CPC/15 Aqui um fato curioso sobre a personagem Meursault do romance "O Estrangeiro", de Albert Camus, a nós, brasileiros. Na obra camuseana, a personagem é condenada à morte pelo juiz que forma juízo e o condena à tal pena após sua indiferença à morte de sua mãe após o decorrer da instrução, das testemunhas arroladas para demonstrar o seu caráter frio que se confirmaram com as respostas dadas pela personagem perante o júri. No Código de Processo Civil brasileiro há um artigo que se relaciona à decisão tomada pelo magistrado, trata-se do art. 375 do CPC/15 . A condenação à morte da personagem, grosso modo, se deveu pelo fato dela não ter chorado no velório de sua mãe, mas com que base legal? Se a história se passasse no Brasil, tal decisão seria embasada por tal artigo que diz:   " Art. 375 . O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de...

Resenha nº 11: O CASO MEURSAULT, de KAMEL DAOUD (Meursault, contre-enquête) - Parte 2

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  PARTE DOIS - O CASO MEURSAULT - KAMEL DAOUD Em sua obra "O Mito de Sísifo", um ensaio filosófico de 1941, Camus explica que o absurdo é comparado a Sísifo, personagem da mitologia grega condenado pelos deuses a, todos os dias, empurrar uma pedra de mármore morro acima para que novamente rolasse abaixo em um interminável e penoso ciclo, assim como Haroun é condenado a repetir a história da morte infame de seu irmão todos os dias num bar de Orã, a segunda maior cidade da Argélia. Quem o ouve é um “investigador universitário”, um jovem francês que carrega uma edição de "O estrangeiro" na bolsa e vai tomando nota a cada dia de entrevista. Daoud, a cada capítulo contrapõe a "O Estrangeiro" com a interpretação de Haroun sobre os fatos que cercam o alegado crime ocorrido com seu irmão Moussa e o que ocorreu após com ele e sua mãe. Nessa narrativa ao repórter, Moussa é descrito como um jovem de aparência viril, com barba de profeta, carregava caixas n...

Resenha nº 11: O CASO MEURSAULT, de KAMEL DAOUD (Meursault, contre-enquête) - Parte 1

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  PARTE UM - O CASO MEURSAULT - KAMEL DAOUD   O CASO MEURSAULT (Título original: Meursault, contre-enquête), escrito pelo argelino KAMEL DAOUD, é a resposta ao romance O ESTRANGEIRO - escrito pelo francês pied-noir, ALBERT CAMUS -, uma espécie de "romance-espelho", uma resposta à dominação colonial francesa na Argélia. Se então você não leu este romance, não adianta ler o escrito pelo argelino.  Publicado no ano de 1942, durante a 2ª Guerra Mundial, o romance camuseano narrado em primeira pessoa, conta a história de Meursault , um pied-noir (colono francês que vivia na Argélia), que matou um jovem árabe anônimo sem qualquer motivo aparente – ele culpou o incômodo com o sol e o calor úmido pelos cinco tiros, aparentemente portava uma faca também, mas os cinco tiros revela que não foi em defesa própria, pois apenas um tiro resolveria a situação. Meursault é caracterizado como um anti-herói misantropo, frio, desapegado/desconectado das pessoas, solitário, uma figura que...

Poème: UM VERDADEIRO LETRISTA, por LORD MYKE JAM

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  STÉPHANE FAIDER , mais conhecido pela alcunha de LORD MYKE JAM , é original de Abymes, Guadalupe, nascido no ano de 1977, foi campeão francês de slam de 2016 representando a França no Campeonato Europeu de Slam, na Bélgica, e trabalha como instrutor de esportes.   UM VERDADEIRO LETRISTA, por LORD MYKE JAM Um verdadeiro letrista, colocado numa prateleira de madeira de ébano, Ao lado do louco, imagine o ar de Molière. Seus pensamentos silenciosos sussurram Em uma arcaica concha-rainha O livro secreto de uma vida amarga. Avaro de poesia, Era preciso ficar acordado a noite toda para ouvir o relato cotidiano dessa diarista. Ela desnudou-se de suas andanças do passado. Atordoado, roubei-lhe o constante medo de fabulosos combates, O que eu digo! Roubei-lhe o constante medo de combates romanescos!   Do corvo e da pomba que ela não se atreveu a me confessar Pois, desde o início, dizia ela, Que tinha um bom papel. Desde então, raros são aqueles que, ao seu redor, a deixam feliz. ...